No começo éramos inseparáveis.
Mandávamos mensagens o tempo todo, conversávamos com varias pessoas
juntos.
Me lembro que íamos em varias festas, no cinema, e vários lugares,
sempre estávamos juntos.
Teve uma vez que nos perdemos em uma festa, fiquei dois dias sem vê-lo,
até que ele voltou. Nosso reencontro naquele dia foi um dos momentos mais
lindos que tivemos.
Enfim, com o tempo muita coisa começou a mudar. Fui ficando mais de
lado, sempre que queria falar com alguém ele ia pro computador, não falava mais
comigo, me ignorava.
Nossos amigos em comum também haviam sumido, não recebia mais nenhuma
mensagem deles.
Sempre que ele ia a algum lugar, não me levava mais. Ao poucos parecia
me excluir da vida dele.
O momento de maior tristeza da minha existência, foi quando ele chegou
em casa um dia com aquela caixa na mão. Eu estava na cadeira ao lado da cômoda.
Ele nem me olhou, se sentou na cama e abriu a caixa, um sorriso no rosto.
Ele olhou em volta como se procura-se por algo. Eu estava com fome então
meu interior roncou, foi ai que ele veio em minha direção. Me pegou na mão e eu
fiquei feliz, mas então ele tirou minha bateria.
Quando liguei novamente, percebi que estava sem meu chip. Continuava com
fome, minha energia estava se acabando. Olhei e ele estava na cama, à caixa ao
seu lado, estava vazia. Foi então que vi sua mão, ele continuava sorrindo.
Hoje estou em uma caixa velha de sapato, junto com outras coisas que ele
não quis mais. Vivo com minha luz apagada, pois sei que se liga-la minha
bateria pode acabar. Às vezes penso que seria melhor, assim dormiria para
sempre, e não lembraria todos os dias das ultimas palavras que ouvi meu dono
dizer.
“– Mãe! Comprei um celular novo!”
Juarez Oliveira